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Fim do mundo mesmo é acreditar numa besteira tão grande...
Me dá pena - mesmo - ver como pessoas são crédulas e espalham esse tipo de notícia sem fazer a menor ideia do que é que estão falando.
Essa do calendário Maia é o mote da vez e até o próximo dezembro vamos ouvir muito sobre ela. Longe de mim tentar explicar os motivos psicológicos ( ou psiquiátricos ou psicopáticos) pelos quais as pessoas acreditam nisso ou naquilo sem nenhuma evidência ou suporte lógico que seja.
Acreditar numa coisa sem razão, é claro, não se restringe a deias de apocalipse, especificamente. Pessoas de bem encaminham e-mails sobre promoções absurdas, alarmes de vírus e e produtos cancerígenos na comida, shampoos entre outras besteiras.
As pessoas lêem mas não aplicam nenhum tipo de avaliação, a não ser um breve "se isso for verdade, é importante" e clicam rapidamente no forward...
Bom, voltando ao bom e velho (bom é suposição, velho certamente) calendário maia... Esse é outro ponto para análise psicológica. Me parece um delírio coletivo pensar que antigamente havia um mundo melhor, mais culto, mais evoluído e tal e que, por alguma forma de desgraça ou punição divina, esse conhecimento foi perdido. E que voltará um dia pelas mãos de profetas, deuses ou astronautas (ou deuses profetas astronautas). O que não se explica é como é que antigamente não havia tanta gente como há agora - o que é, para mim, uma prova irrefutável de que hoje estamos vivendo melhor.
Bom, eu que não sou lá muito esperto acredito que viver mais tempo e morrer mais velho, e o fato de haver cada vez mais gente no mundo é uma prova de que as condições de vida - na média - são melhores do que eram...
A crença em uma civilização antiga que dominava um conhecimento oculto (legal, voltamos ao "conhecimento do desconhecido", ver tópicos anteriores) capaz de prever o futuro distante mas que ao mesmo tempo sacrificava crianças para saciar a fome dos deuses do Sol e Lua me parece algo que não se encaixa muito bem.
Voltando, calendários são coisas complexas mesmo, de qualquer modo. Tente explicar o nosso para um ET:
- Seu ET, prestenção... Ó: São 365 dias no ano, mas 1 em 4 tem 366, a não ser 1 em 100 que aí volta pra 365 desde que não seja 1 em 400 que aí volta a 366.
- Ah, e tem os meses, que são 12. Sete deles tem 31 dias, os outros tem 30 - a não ser um que tem 28. Os de 30 e 31 são intercalados, mas tem dois de 31 em seguida.
- Tem também a semana de 7 dias.
- Bem observado, seu ET: 30 nem 31 são divisíveis por 7, muito menos os 365.
- Isso mesmo, não da para saber que dia da semana vai cair um certo dia do mês, dependendo do ano, a não ser fazendo um monte de contas...
- Por que é assim? Porque eu não sei, só sei que é...
Calendários são modelos que visam encaixar números não inteiros em inteiros. O ano, que corresponde a uma órbita da Terra ao redor do Sol, não dura exatos 365 dias. Daí a necessidade de se corrigir o calendário de 4 em 4 anos. Os demais ciclos, como o mês e a semana, também são baseados em ciclos naturais (nesses casos, a órbita da Lua ao redor da Terra e suas fases) e que também não possuem uma duração que seja múltipla de outras. A ideia de se agrupar tudo isso é totalmente artificial.
Os antigos calendários então eram ainda mais complicados. O dos maias, assunto central, é cheio de ciclos diferentes, como o nosso, mas a base de contagem era 20 (ou 18 conforme conveniência). Assim, um ciclo maior normalmente é 20 vezes o menor e assim por diante. O nosso, como sabemos, não mantém relação nenhuma entre um ciclo e o outro, daí essa bagunça que o ET não entende...
Então.. os maias tinham um ciclo de 20 dias, outro de 360 (18 vezes o de 20) para dar praticamente um ano, outro de praticamente 20 anos (na verdade, 20 vezes o de 360 dias) e um maior de 20 vezes esse último - que dá um total de aproximadamente 390 anos.
Existem outros marcadores ainda maiores, mas é essa a ideia básica.
A questão era como indicar uma data longa. No calendário Maia, era indicada por um número referente a cada um desses ciclos, mais ou menos como fazemos aqui quando dizemos "3 anos, 2 meses e 5 dias" por exemplo.
A questão do "fim" do calendário maia é simplesmente o momento em que todos esses ciclos se "alinham" novamente, coisa que só ocorre em intervalos bem longos pela própria natureza dos números primos: Se você cozinha todo dia, monte 11 cardápios e vá mudando dia a dia. Você só vai comer a mesma coisa no mesmo dia da semana a cada 77 dias!
Outro paralelo com o nosso, ilustrando a questão central: Imaginem que eu crie um intervalo de 7 anos, que eu vou chamar de "Semanano", que indica o tempo necessário para que um determinado dia da semana caia no mesmo dia do ano. Aí eu escolho como início do ciclo 2012 pois 1º de janeiro cai domingo, e vou contando o tempo... A cada 7 anos, os ciclos "ano" e "semanano" coincidem, ou seja, o início do ano cairia junto com o início do "semanano".
Obs: Isso é um exemplo simplificado, não ocorre assim no nosso calendário. Como de 4 em 4 anos temos um bissexto, os intervalos para que 1º de janeiro caia domingo mudam. Pode levar 5, 6 ou até 11 anos, já que a ocorrência de bissextos não é múltiplo de 7, que são os dias da semana.
Continuando, eu depois invento um novo ciclo, que eu vou chamar de "Bisemanano" para corrigir esse acima descrito, que marcaria quando 1º de janeiro cai num domingo num ano bissexto (um ciclo de (4 x 7) 28 anos). Aí sim os demais ciclos se alinham todos novamente.
E, claro, quando todos os ciclos se realinham, o calendário volta a ficar EXATAMENTE igual ao que era. Poderíamos montar uma folhinha de parede com esses 28 anos e no final bastaria voltar para a primeira folha e começar tudo de novo.
MAS ISSO NÃO QUER DIZER QUE O MUNDO IRÁ ACABAR EM PRIMEIRO DE JANEIRO DE 2040, DOMINGO.
O que o calendário maia diz é exatamente isso!!!!! Se os cálculos dos arqueólogos estiverem certos, os ciclos do calendário deles se alinharão em 21/12/2012 e o calendário volta ao início.
E só.
Um 2012 iluminado a todos!
Lutcho
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Pss: Revisado e ampliado em 15/12/12
Concordo contigo sobre sua análise, é importante notar a forma como explicou os cálculos.
ResponderExcluirA propósito, já cliquei em uns patrocinadores.
Abraços
Osvaldo (estou na lista plotter_cressoft)
Obrigado pelo apoio, Osvaldo!! Grande abraço
ResponderExcluirApareceu um comentário criticando meu português na frase "Longe de mim tentar explicar os motivos..." pelo uso do "mim tentar"...
ResponderExcluirEu apaguei para que a pessoa que publicou o comentário não ficasse envergonhada, afinal, o tom era de superioridade sarcástica e não combina bem com o fato de estar errado.
A construção da frase está correta. O "mim" ficou junto ao verbo no infinitivo porque a ordem da frase não é direta. É o mesmo que "Tentar explicar os motivos (está) longe de mim".
Português é complicado mesmo e eu sei que cometo erros, como a maioria. Mas nesse caso eu acredito que estou certo.