terça-feira, 3 de maio de 2011

Pseudo-ciência de hoje: Radiestesia

A pedido de um grande amigo, resolvi dedicar o tema de hoje à radiestesia.

Para quem tem a felicidade de nunca ter se deparado com esse tipo de embuste, vai lá a explicação: A radiestesia (do latim 'radius', radiação, e do grego 'aisthesis', sensibilidade) é sensibilidade às radiações. Aquelas coisas com pêndulos, gravetos, etc.

Mas calma aí... Não estamos falando aqui das radiações conhecidas pela ciência como a eletromagnética ou nuclear, mas sim das radiações ocultas, emanadas pelas energias ocultas, que são obviamente 'estudadas' pelas ciências ocultas.


Está aí outra coisa engraçada: ciências ocultas. Oculto quer dizer escondido, desconhecido. E ciência significa conhecimento. Então ciência oculta é o que? conhecimento do desconhecido????


Mas voltemos à radiestesia, nossa 'ciência oculta' homenageada de hoje. As pessoas que a praticam acreditam (sim, a grande maioria é composta de pessoas de boa fé) serem capazes de sentir essas emanações – com a ajuda de bastões, pêndulos, etc – e com isso descobrem fontes de água, minerais, sexo de bebês, remédios homeopáticos ideais, dietas ideais, entre outras coisas.

Eu poderia ficar em devaneios sobre as motivações psicológicas que levam as pessoas a acreditar nessas coisas, num mundo em que a magia se faz presente em dádivas da tecnologia de que dispomos e que, certamente, é produto da ciência. Mas estudar a ciência por trás da tecnologia é um trabalho árduo. Qualquer peça de tecnologia atual é fruto de no mínimo 50 anos de pesquisas científicas em diversas áreas e requer estudos aprofundados, geralmente repletos de matemática.

Peguemos como exemplo rápido o GPS. E não estou falando em aparelhos de GPS, mas no SERVIÇO de GPS, esse encontrado até nos smartphones Xing-Ling de '99 reau'. Para se entender como é que funcionam, é preciso estudar eletrônica (afinal, são aparelhos eletrônicos), programação (os dados chegam dos satélites, mas o cálculo da posição é feito pelo aparelho), navegação (os antigos navegavam olhando as estrelas – nós simplesmente colocamos NOSSAS estrelas no céu em intervalos regulares para facilitar, embora o princípio seja o mesmo) e muita geometria (tem que cruzar vetores, calcular intersecções de esferas, etc) somente para determinar em que ponto do planeta o aparelho está.

Feito isso, tem que conhecer o mapa do local, com ruas, mãos de direção e tal para se conseguir calcular um trajeto de um ponto a outro. É... isso não é nem um pouco trivial.


Fechando o parêntesis, isso não ocorre com as pseudo-ciências, as ciências do desconhecido... Tudo é misturado num grande conjunto, tudo vem das tais 'energias' que ninguém é capaz de definir – embora na ciência esse seja um conceito bastante específico e tudo vem com como que dentro de uma bruma que nos impede de ver direito – igual a mulher feia com véu e em meia-luz.

Me parece que a única classificação dessas tais energias é se são positivas ou negativas – mas não no sentido de referencial, como na ciência, mas no sentido de bom ou ruim. Positivo é bom, negativo é ruim, dãããã.


Bom, o fato é que a radiestesia, como todas as pseudo-ciências, não possui nenhum fundamento, não apresenta sucesso em condições reprodutíveis e, portanto, não passa nos testes científicos.

Pesquisando na internet, vi um experimento alemão desenvolvido pela Gesellschaft zur Wissenschaftlichen Untersuchung von Parawissenschaften (GWUP) [Sociedade para a Investigação Científica das Paraciências] em que um grupo de radiestesistas deveria ser capaz de encontrar canos enterrados, por onde a água passaria. As posições dos canos eram conhecidas e dispositivos permitiam controlar em quais canos a água estaria passando ou não. Todos os envolvidos concordaram com as condições do teste e os resultados – pasmem – não ficaram melhores do que o esperado pelo acaso.

Aliás, o prêmio de um milhão de dólares oferecido pelo James Randi até agora não saiu. 
Atualização: A fundação Randi cancelou o prêmio após a aposentadoria do Sr Randi. O dinheiro está sendo usado para financiar projetos de apoio a pesquisa em escolas. 


O que me parece mais plausível para a causa desses 'efeitos sobrenaturais' é o conhecido efeito ideomotor, definido na wikipedia como o nome dado à influência da sugestão sobre movimentos corporais involuntários e inconscientes. Ele explica a parte mecânica dos efeitos observados. Já a parte dos supostos acertos pode ser explicada pelo simples fato de que normalmente contabilizamos os acertos e desprezamos os erros. Isso é um fenômeno natural nas pessoas e somente com metodologia científica conseguimos separar o joio do trigo.



Terminado por aqui, mando um '-rá!!' cheio de energias positivas a todos...

4 comentários:

  1. Parece que se trata de Física Quântica, sobretudo no fator de correlação ou emanharamento quântico entre o objeto procurado (água, metais e até pessoas) e o procurador radiestesista que utilizam pêndulos e gravetos como extensões conscienciais. Até o momento a ciência não se aventurou a pesquisar a possibilidade de existência de dimensões extra da natureza, pois como dizia Nicola Tesla quando a ciência assim o fizer, fará mais descobertas em poucas décadas do que toda sua história. A propósito, o Sr. James Randi tem um milhão de dólares em seu poder?

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    1. Já passei por esse post algumas vezes e sempre fiquei entre responder ou ignorar. Mas estou com um tempinho livre e resolvi, desta vez, responder. Vamos lá:
      1) Eu estudei Mecânica Quântica durante minha graduação e Mestrado em Física. Estudei Plank, Bohr, Feynman, Einstein, de Broglie, Dirac, Pauli, Milikan, Raman, Schrödinger, Thomson, diga-menu-nome Heisenberg, só para citar os mais famosos. Praticamente toda a nossa tecnologia atual baseia-se no sucesso dessa teoria. Entretanto, ela não diz NADA sobre eventos de natureza sobrenatural no mundo macroscópico. Quando se tenta amarrar um assunto no outro, soa como dizer que átomos são como sistemas solares em miniatura. os místicos só trocaram a palavra 'magia' por 'mecânica quântica', numa fraca tentativa de trazer algum embasamento científico para essa bobagem toda.
      2) Pelo contrário, há décadas de trabalhos científicos tratando de dimensões extras. nem precisa ir buscar na fonte, dada a dificuldade de compreensão pelos não familiarizados com o cálculo avançado. Qualquer livro de divulgação científica, os do Stephen Hawking, ótimos exemplos, explicam claramente teorias de multidimensões e multiversos. É só procurar.
      3) Não vou comentar nada sobre o Tesla. Vai contra minha religião.
      4) Sim, a fundação Randi tem bem mais que isso. Mas eles preferiram dar um destino mais útil ao dinheiro. Entre no site deles e leia.

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  2. Concordo que é preciso trabalhar com mais seriedade possível para obtermos conclusões baseadas em fatos embasados na ciência. Mas existem muitos fatos que não podem ser reproduzidos com total exatidão em um ambiente controlado e nem por isso deixa de existir. Posso dar exemplo de fatos como a paranormalidade e as manifestações religiosas onde coisas não convencionais podem ocorrer. Só por isso é falso? Não. Apenas não existe ainda uma forma de criar um parâmetro que possa reproduzir essa experiência sempre da mesma maneira. Logo, dizer que a radiestesia é pseudo ciência e que não existe nenhuma evidência científica não está totalmente correta. Já passei por situações que a ciência não poderia explicar e nem é possível de se reproduzir em um ambiente controlado. Só por isso é uma pseudo experiência? Então reflitam sobre isso.

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    1. Paranormalidade e as manifestações religiosas não são fatos são conversa fiada

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